Cinco em cada dez indústrias enfrentam a falta de trabalhadores qualificados

Esta é uma das conclusões da pesquisa Sondagem Especial – Falta de Trabalhador Qualificado, realizada pela CNI – Confederação Nacional da Indústria entre os dias 1 e 11 de outubro de 2019. No total, foram consultadas 1.946 indústrias de transformação e extrativas de todo o país. Dessas, 794 são pequenas, 687 são médias e 465 são de grande porte.

No período do levantamento, a taxa de desemprego era de 11%. Em 2013, quando esse percentual era de 7%, o número de empresas com dificuldades para encontrar mão de obra qualificada era de 66%, mesmo percentual registrado em 2011, quando o país estava próximo do pleno emprego.

De acordo com a CNI, a falta de trabalhadores qualificados deve se agravar à medida que aumentar o ritmo de expansão da economia, tornando-se um dos principais obstáculos ao crescimento da produtividade e competitividade do país.

A solução do problema, segundo a entidade, depende de ações no curto e no médio prazo. “De imediato, é necessário um esforço de qualificação e requalificação da força de trabalho. No longo prazo, é preciso intensificar os esforços para melhorar a qualidade da educação básica no Brasil, priorizando a educação profissional”, afirma o relatório.

O problema atinge todos os setores das empresas consultadas, mas é maior na área de produção. Entre as empresas que relatam a falta de trabalhadores qualificados, 96% afirmam que têm dificuldades para contratar operadores. Ainda na área de produção, 90% das empresas dizem que enfrentam dificuldades para encontrar trabalhadores de nível técnico. Também há falta de profissionais qualificados para as áreas de vendas e marketing (82%), administrativa (81%) e engenharia (77%).

Cursos ABIFA

Para atender a essa lacuna, a ABIFA – Associação Brasileira de Fundição oferece cursos técnicos, comerciais e de gestão, organizados com entidades parceiras a exemplo da ABAL – Associação Brasileira do Alumínio, do Sistema FIERGS – Instituto SENAI Mecatrônica Caxias do Sul e do SENAI Itaúna CETEF Marcelino Corradi. A programação completa está disponível em: http://www.abifa.org.br/cursos/.

A pesquisa da CNI mostra ainda que mais de nove em cada dez empresas que relatam a falta de mão de obra qualificada têm políticas e ações para lidar com o problema. Entre elas, se destacam a qualificação na própria empresa (85%), cursos externos (42%) e o fortalecimento da política de retenção do trabalhador (28%).

E embora concordem que as empresas precisam investir em qualificação dos trabalhadores, 88% dos empresários dizem que enfrentam dificuldades para fazer investimentos em formação da mão de obra, devido principalmente à má qualidade da educação básica (53%).

No estudo, a CNI destaca que a quarta revolução industrial está promovendo mudanças significativas nas competências dos trabalhadores, de modo que a educação básica precisa dar ênfase às áreas de STEAN (ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática), além de fomentar a interdisciplinaridade, a resolução de problemas e o desenvolvimento de habilidades para a tomada de decisões.

“O Brasil paga caro por ter focado em um ensino médio generalista, voltado para o ingresso nos cursos superiores. Cerca de 2 a cada 10 estudantes que concluem o ensino médio alcançam a educação superior. O restante, incluindo aqueles que abandonaram o ensino médio por falta de perspectivas, entra no mercado de trabalho sem preparo, sem uma profissão”, observa a CNI. O estudo lembra que apenas 9,7% das matrículas do ensino médio no Brasil são em cursos de educação profissional. Na Alemanha, Dinamarca, França e Portugal, esse percentual é superior a 40%, alcançando cerca de 70% na Áustria e Finlândia.