CNI divulga resultados do Projeto Indústria 2027, que avalia as oportunidades das tecnologias disruptivas para o Brasil
Em 18 de maio, a CNI – Confederação Nacional da Indústria, promoveu o evento Construindo o Futuro da Indústria Brasileira, com o objetivo de divulgar os resultados e recomendações do Projeto Indústria 2027: Riscos e Oportunidades para o Brasil.
Iniciado em março de 2017, este projeto é uma iniciativa da CNI, que por meio do Instituto Euvaldo Lodi contratou a UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro e a UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas, com o objetivo de identificar e avaliar os impactos das tecnologias disruptivas sobre diferentes sistemas produtivos no horizonte de cinco a dez anos. As tecnologias mapeadas foram: Internet das coisas, inteligência artificial, produção inteligente, tecnologia de redes, biotecnologia, nanotecnologia, materiais avançados e armazenamento de energia.
Para tanto, foi realizada uma pesquisa de campo, com a finalidade de avaliar o grau de maturidade das empresas brasileiras a essas tecnologias, ou seja, a capacidade do sistema empresarial defletir riscos e aproveitar as oportunidades derivadas destas inovações. Com isso em mãos, o passo seguinte é prover insumos para o planejamento estratégico da indústria nacional e subsídios para a formulação de políticas públicas, revertendo o cenário de desindustrialização do país.
Para se ter ideia, hoje no Brasil a indústria participa em somente 11,4% do Produto Interno Bruto (PIB), o que equivale à metade do que era há 20 anos. Os motivos são vários, mas a realidade é que devemos olhar para frente. E ao fazê-lo, nota-se que em todos os discursos relativos à reversão desse quadro, chamam atenção a recorrência das palavras-chave: competitividade, P&D, inovação e produtividade; exatamente do que aborda o Projeto Indústria 2027.
Resultados do Projeto Indústria 2027
Os dados compilados no Projeto Indústria 2027 apontam os cinco direcionamentos necessários para avançar:
- Priorização no mais alto nível do governo, com metas compartilhadas com o setor público
- Investimento em capacitação de pessoas e empresas
- Aumento da capacidade de resposta do Estado; regulação e fomento pró-inovação com segurança jurídica
- Estratégias diferenciadas pelos estágios de desenvolvimento de empresas e ecossistemas
- Ação por meio de programas e instrumentos coordenados, monitorados e sintonizados às necessidades das empresas
Ademais, ficou clara a necessidade da capacitação de recursos humanos, com o desenvolvimento de centros de aprendizagem que fortaleçam o sistema de formação profissional de forma coerente com as novas tecnologias, promovendo estudos e debates a respeito do impacto do progresso técnico sobre o trabalho e a renda.
A capacitação das pequenas e médias empresas (PMEs) também é urgente. Nesse sentido, o estudo levantou as seguintes necessidades:
- Difusão de soluções digitais e software integradores por meio da rede de institutos do SENAI, em parceria com o SEBRAE
- Renovação dos instrumentos de crédito e subvenção com base nas tecnologias digitais para fomento às PMEs
- Ampliação de fontes de capital de risco e reforço das redes de incubadoras e aceleradoras
Outro ponto colocado foram as competências essenciais para acompanhar a fronteira da produtividade. Nesse sentido, foram levantados os seguintes requisitos:
- Estruturar atividades permanentes de engenharia e P&D
- Capturar oportunidades de diferenciação de produtos/serviços
- Adotar e codesenvolver soluções digitais avançadas e novos materiais
- Envolvimento direto da alta gestão, para especificar e implementar a digitalização do negócio
A mensagem que fica, portanto, é que o ganho de produtividade tão urgente à indústria brasileira passa necessariamente pelo investimento em soluções digitais, que já a curto prazo se revertem em um produto mais competitivo, com melhores preços e qualidade.
Mas para que estes investimentos sejam viabilizados, é essencial uma sólida parceria entre o Estado e o setor privado, além da legitimação da sociedade, que só tem a ganhar com o fortalecimento da sua base industrial. Afinal, citando Paulo Mól, superintendente do Instituto Euvaldo Lodi e coordenador do Projeto 2027, “um país só é forte, se tem uma indústria forte, com bons níveis de produtividade”.