Exportações de sucata ferrosa voltam a crescer em junho, com declínio dos preços no mercado interno

As exportações de sucata ferrosa voltaram a crescer em junho, atingindo 45.642 t. Trata-se do maior volume mensal neste ano, sendo +38,1% superior ao de maio, com 33.061 t. Em relação a junho de 2020, cujo volume foi de 76.741 t, a queda foi de -40,5% nas exportações, conforme dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A retomada do incremento das exportações neste ano, após um período de retração no primeiro trimestre, se deve principalmente às baixas nos preços pagos pelas usinas no Brasil, segundo Clineu Alvarenga, presidente do INESFA – Instituto Nacional das Empresas de Sucata de Ferro e Aço. “Há pressão das siderúrgicas brasileiras, que funcionam como um oligopsônio (poucos compradores), para reduzir os preços, restando como opção os mercados conquistados fora do país, alternativa fundamental para garantir a subsistência da cadeia da reciclagem que há décadas vem sendo essencial para o sustento de milhares de pessoas”. De acordo com pesquisa realizada no mercado pela S&P Global Platts, agência americana especializada em fornecer preços-referência e benchmarks para os mercados de commodities, os preços da sucata de obsolescência (produtos colocados em desuso.) se mantêm em queda. Enquanto aumentam as exportações, as importações voltaram a ficar abaixo de 10 mil toneladas em junho, como já havia ocorrido em maio, mostrando uma tendência de desaceleração. Alvarenga lembra que “as empresas de sucata estão atentas ao mercado interno, destinando mais de 90% do total processado de materiais ferrosos a compradores nacionais, exportando somente o excedente”. A tendência é que as exportações continuem em ritmo crescente, porém abaixo da média anual de 2019 e 2020, sendo necessário levar em consideração alguns fatores, tais como o câmbio, preços do mercado local e internacional e o aumento da carga tributária na comercialização de materiais recicláveis em nosso país, após a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que colocou fim ao estímulo na coleta e venda de materiais recicláveis, existente há 15 anos.De acordo com o INESFA, o consumo de sucata no Brasil vem reagindo desde o final do ano passado, puxado pela forte retomada da indústria de construção civil e maior demanda por aço, podendo superar 9 milhões de toneladas neste ano; +12,5% acima de 2020, estimado em 8 milhões de toneladas, nos cálculos da entidade.