Instituições revisam estimativa de crescimento do país
Após cem dias de governo Bolsonaro, algumas instituições estão revendo as previsões para o primeiro ano da nova administração.
De acordo com o Boletim Focus divulgado em 15 de abril, o crescimento do PIB para este ano deve ser de 1,95%. O relatório é resultado de um levantamento feito com mais de 100 instituições financeiras.
O início das revisões para baixo na expectativa de crescimento do mercado financeiro para o PIB deste ano começou após a divulgação do resultado de 2018, quando a economia avançou 1,1%. Para 2020 e os dois anos seguintes, a projeção do mercado financeiro é de expansão da economia de 2,58%, 2,5% e 2,5%, respectivamente.
Do lado da indústria, o Informe Conjuntural do primeiro trimestre divulgado pela CNI – Confederação Nacional da Indústria aponta para uma expansão de 2% do PIB este ano. Em dezembro de 2018, a instituição acreditava que o crescimento seria de 2,7%.
A atual perspectiva para o crescimento do PIB Industrial, por sua vez, é de 1,1%.
Segundo Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de Política Econômica da CNI, há um certo sentimento de que as medidas, principalmente no campo das reformas estruturais, como a da Previdência, vão demorar um pouco mais para se materializarem e será necessário um prazo maior para que os benefícios das mudanças se espalhem pela economia.
Com isso, a perspectiva de crescimento dos investimentos caiu de 6,5% para 4,9%. Afinal, “sem a retomada do investimento, o crescimento fica comprometido”, avalia a CNI.
No entanto, o estudo lembra que os indicadores macroeconômicos seguem positivos. Embora mantenha o alerta de que é necessário buscar o equilíbrio fiscal, as previsões da CNI para as contas do governo melhoraram.
Por exemplo, o déficit primário projetado pela instituição neste ano caiu de 1,57% do PIB, em dezembro, para 1,39% agora. A previsão para a dívida do setor público também diminuiu, de 79,5% do PIB para 78,20.
Com relação à inflação, a estimativa da CNI é de uma taxa de 4,2% para o exercício corrente; índice um pouco menor do que a meta de 4,25% fixada pelo Banco Central.
Mais uma vez, a CNI destaca que a aceleração das reformas da Previdência e Tributária, além da implementação de medidas que melhorem o ambiente de negócios, são indispensáveis para gerar um choque de confiança na economia e estimular os investimentos.
“Os agentes econômicos seguem com expectativas favoráveis, ainda que condicionadas à implementação de reformas estruturantes que venham a assegurar o equilíbrio fiscal de longo prazo e a melhoria do ambiente de negócios. O sucesso desse cenário depende de uma concertação entre os Poderes Executivo e Legislativo, para aprovação dessas propostas. A ausência desses avanços tenderá a cristalizar um ambiente de baixo crescimento”, finaliza a instituição.