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ENTREVISTA








          Quais os principais desafios empre-
          sariais para se manter no mercado
          brasileiro a tanto tempo?
          Azevedo:  Os  últimos  anos  têm
          se suplantado em matéria de au-
          mento das dificuldades para a
          economia em geral e a indústria
          em particular. O acesso ao cré-
          dito ainda é muito difícil e caro,
          além da alta incidência de impos-
          tos, leis retrógradas que regulam
          a relação entre trabalho e capital,
          e uma classe política que só po-
          demos chamar de vergonhosa.
          Enfim, uma cesta de problemas
          que teria tudo para acabar com
          qualquer país. No entanto, cons-   Vitor Azevedo, presidente da Sinto Brasil
          tatamos que o Brasil, mesmo que
          a trancos e barrancos, sobrevive a tudo isso, embora se não fossem esses fatores, poderíamos nos tornar
          um país que trata melhor os seus filhos.




          Qual foi a pior fase da indústria brasileira nestes 45 anos?
          Azevedo: Os anos 80 e 90, até a introdução do Plano Real, nos ensinaram o que é administrar uma economia
          com alta inflação e baixo crescimento. A partir daí, tivemos altos e baixos, que tão bem caracterizam a econo-
          mia brasileira. Os primeiros anos do “Lulopetismo” aproveitaram o vento a favor de um mundo faminto por
          nossas commodities, que foi apropriado pelo então governo, como se a falsa pujança econômica fosse mérito
          dele e não de uma conjugação de favoráveis fatores globais. A crise mundial de 2007/2008 atingiu-nos de forma
          muito mais leve do que aos países avançados. Mas nada, absolutamente nada, se compara aos últimos cinco ou
          seis anos, em que não só a economia, como também a estrutura das instituições de Estado foram destroçadas
          por uma política de viés ideológico-corrupto, que até hoje domina a política brasileira, e contra a qual toda a
          sociedade esclarecida tem que deixar clara a sua não concordância.




          Qual foi o melhor e o momento mais difícil da Sinto nesta trajetória de 45 anos?
          Azevedo: Sem dúvida os últimos anos, quando a sobrevivência passou a ser a medida de sucesso, mas também,
          no nosso caso, quando inauguramos uma nova fábrica de granalha de aço, que nos permitiu aumento subs-
          tancial de produção, incorporamos uma linha de granalha de arame e lançamos inúmeros novos modelos de
          máquinas de jateamento e moldagem, incorporando o que há de mais atual a nível mundial.


          26      FMP, AGOSTO 2018
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