Page 23 - Revista Fundição & Matérias-Primas
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Tributária e Administrativa estivessem em pleno vigor já neste início
de 2021. Assim, teríamos os primeiros resultados de uma simplifica-
ção e melhora do ambiente de negócios no país, atraindo investimento e
investidores.
Iniciamos 2021 com duas notícias que certamente impactarão a indústria
brasileira de fundição (e não somente ela): o fechamento das operações da
Ford no país e a injeção de R$ 10 bilhões por parte da GM. Como analisar
esses movimentos?
Gonzaga: A decisão da Ford de não mais produzir veículos no Brasil é
parte de uma estratégia mundial da marca, que estava sendo discutida há Afonso Gonzaga, presidente da ABIFA
anos. Não foi motivada pela pandemia. Claro, é lamentável que uma em-
presa que estava no Brasil há mais de 100 anos tenha optado por essa abordagem, mas acreditamos que a sua
ausência será coberta pelos seus concorrentes, como no caso da GM e outras montadoras, que estão confiando
e confirmando novos investimentos no país.
Outra notícia, dessa vez a nível internacional, que certamente irá nos afetar, diz respeito ao aumento dos preços
do ferro-gusa, com previsão de até 675 US$/t. Qual a orientação da ABIFA ao setor?
Gonzaga: A situação do ferro-gusa é muito complicada. Mesmo antes da pandemia, os produtores já alerta-
vam sobre as dificuldades enfrentadas, primeiro pela baixa qualidade do minério e, mais recentemente, pela
escalada de preços do carvão vegetal. Com a pandemia, a situação se agravou, graças à paralisação e posterior
retomada das economias no mundo. Esse desequilíbrio provocou a escassez das commodities em nível mundial
e o consequente aumento de preços no mercado internacional. Internamente, ainda tivemos a valorização do
dólar, que neste caso já era esperado. Diante dessa somatória de fatos, a ABIFA fez um comunicado oficial
aos principais setores clientes da fundição, alertando justamente sobre a falta de insumos e os fortes aumen-
tos dos custos, sugerindo que fosse discutida a sistemática de reajuste dos preços, a exemplo do que já ocorre
em países da Europa e EUA. Infelizmente, a escalada de preços continua. Em janeiro, enfrentamos novos
aumentos, que são insustentáveis ao setor sem o repasse de custos. Nesse momento, reiteramos a importân-
cia da negociação e dos repasses para sobrevivência das empresas! Paralelamente, a ABIFA está em contato
com os produtores dessas matérias-primas e outros segmentos clientes desses mesmos insumos, para uma
ação conjunta que permita uma melhor previsibilidade desses aumentos e o arrefecimento da evolução dos
preços praticados.
FMP, JANEIRO 2021 23