Page 36 - Revista Fundição & Matérias-Primas
P. 36

CA
                                                CADERNO TÉCNICODERNO TÉCNICO







          Uma vez que a literatura indica que  potencializar a vida útil dos com-  austenítico  por  certo  período  de
          a obtenção de matriz martensítica,  ponentes em FFBAC. Para tanto, é  tempo, visando à precipitação de
          em detrimento das demais, gera  comumente aplicado o tratamen-       carbonetos secundários, seguido
          uma menor perda por abrasão  [1,3] ,  to de desestabilização da austeni-  da aplicação de têmpera [4,5,15] .
          sugere-se  a  utilização  de  trata-  ta, que consiste na manutenção da   Considerando-se  que a principal
          mentos térmicos como forma de  peça em temperaturas do campo         norma  utilizada  pelas  fundições

                                                                               nacionais  (ASTM  A532)  deter-
                                                                               mina  apenas a dureza mínima,
                                                                               não  fazendo  referência  à máxi-

                                                                               ma dureza possível de ser obtida
                                                                               em determinada classe de ferro
                                                                               fundido,  normalmente  são  utili-
                                                                               zados tratamentos térmicos com
                                                                               configuração  de  tempo  e  tem-
                                                                               peratura  de  austenitização,  que
                                                                               não  otimizam  a  dureza  da  liga.
                                                                               Nesses casos, é obtido um FFBAC
           Fig. 3: A) Processo de corte por jato d’água utilizado para a obtenção dos corpos de prova comerciais. B)
           Amostra comercial sendo cortada. C) Corpos de prova após corte e retifica.   não otimizado quanto à dureza e,
                                                                               consequentemente, à resistência
                                                                               ao desgaste abrasivo .
                                                                                                   [5]
                                                                               Em paralelo à otimização de tem-
                                                                               pos  e temperaturas da  desesta-
                                                                               bilização  da  austenita, estudos
                                                                               desenvolvidos  com o intuito de
                                                                               otimizar a dureza dos ferros fun-
                                                                               didos indicam que quanto maior
                                                                               o teor de cromo utilizado na liga,

                                                                               menores serão as máximas dure-
                                                                               zas obtidas por meio da aplicação
                                                                               de tratamentos térmicos [16,5] , con-
                                                                               forme demonstrado na figura 1a.

                                                                               Tal efeito se deve à redução da so-
                                                                               lubilidade do carbono na austeni-
                                                                               ta, para maiores teores de cromo
                                                                               (figura  1b),  o  que  influencia  di-
           Fig. 4: Corpos de provas das duas diferentes ligas no estado bruto de fusão. A) Corpos de prova com liga
           ASTM A532 classe III – tipo A. B) Corpos de prova com liga ASTM A532 classe II – tipo D.   retamente, e de forma negativa,


          36      FMP, MAIO 2020
   31   32   33   34   35   36   37   38   39   40   41