Page 51 - Revista Fundição & Matérias-Primas
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■ Perda de  água  adsorvida,  entre  transformação en-
          100°C e 250°C, resultando em um  tre 400°C e 700°C,
          pico endotérmico, cuja forma e po- avaliada pela área
          sição depende  do cátion adsorvi-  sob a curva, indi-
          do e do argilomineral esmectítico.  caria a quantidade
          Como essa água é reposta no ciclo  de esmectita na
          de  fundição, esta  transformação  bentonita .
                                                     [2]
          não será aqui mais discutida.
                                            A posição  do
          ■ Perda de hidroxilas estruturais, en-  pico de perda de
          tre 400°C e 700°C. O tipo de cátion  hidroxilas seria                                             [8]
          trocável e o grau de cristalinidade  um forte indicati-  Fig. 2 – Análise térmica diferencial de uma bentonita de Wyoming, EUA .
          da esmectita afetam a posição deste  vo da durabilida-
          pico. Os teores de Fe+Mg têm estrei-  de da bentonita em fundição.   de Wyoming apresentou tempera-
          ta relação com a posição deste pico,                                 tura de pico de 730°C.
          indicando o grau de substituição de   Trabalhando  com bentonitas co-  Comparando estes valores com os
                                                            [9]
          Al e Si na estrutura cristalina .  merciais, Tartera  mostrou que  a   da figura 3b, verifica-se, para a ben-
                                   [4]
                                            perda de poder ligante da bentoni-
          ■ Desaparecimento da estrutura    ta, avaliada por perda de resistência   tonita de Wyoming, concordância
          esmectítica entre 850°C e 900°C,   da areia de moldagem com calcina-  entre os autores (730°C como tem-
          transformando-se em mulita e      ções, tem correlação com a posição   peratura de pico), com perda de re-
          cristobalita ou, no caso da ben-  do pico de perda de hidroxilas, seja   sistência abaixo de 10%.
          tonita cálcica, em cordierita. Esta   com a temperatura de início desta  Para a amostra média da Paraíba, a
          transformação destrói a estrutura   transformação, seja  pela tempera-  estimativa de perda de RCV seria
          da esmectita.                     tura do pico (figura 3).           de cerca de 55%. Estes resultados,

          Destas transformações, a que ocor-  Resultados de análises térmicas di-  mesmo que não indiquem o con-
          re entre 400°C e 700°C é a que de-  ferenciais de bentonitas da Paraíba,   sumo de bentonita, mostram a di-
          termina a durabilidade da bentonita,   comparativamente  à norte  ameri-  ferença de perda de poder ligante
          sendo o foco deste trabalho.      cana de Wyoming, são encontrados   com o aquecimento.

          Alguns trabalhos procuraram cor-  na bibliografia 7. Nela, Souza San-  A tabela 1 reúne outros resultados
          relacionar  parâmetros das curvas  tos relata a temperatura do pico de  referentes a bentonitas da Paraíba,
          de análise térmica diferencial com  perda de hidroxilas de 570°C para  da mina de Lajes, mostrando tem-
          o comportamento  das bentoni- uma amostra média de Campina  peraturas de início e final da perda
          tas em fundição. A intensidade da  Grande (PB), enquanto a bentonita  de hidroxilas . Neste caso, as ben-
                                                                                           [10]
                                                                               tonitas estão no estado in natura, sem
          Tab. 2 – Nomenclatura das bentonitas analisadas.                     ativação, e as perdas de resistência
           Nomenclatura    Localidade de extração      Tipo de bentonita       estimadas são muito altas (65-78%).
                A1          Rio Negro/Argentina             Sódica             No presente trabalho, objetivou-se
                A2          Rio Negro/Argentina             Sódica             comparar  bentonitas  comerciais,
                A3          Rio Negro/Argentina             Sódica             utilizadas no mercado de fundição
                A4             Paraíba/Brasil           Sódica e ativada       brasileiro, com relação ao seu com-
                                                                               portamento sob aquecimento. Para
                A5             Paraíba/Brasil           Sódica e ativada       tanto, foram empregadas as técni-
                A6             Bahia/Brasil             Sódica e ativada       cas ATD e TG.


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