Page 50 - Revista Fundição & Matérias-Primas
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CADERNO TÉCNICO 2DERNO TÉCNICO 2
                                               CA













                             A Figura 2 descreve os tipos de fluxos de líquidos em função do Número de
                        Reynolds.










           Fig. 3 – Balanço entre a força inercial e a tensão superficial do metal líquido na formação de um respingo (a). Valores de We > 1 são considerados turbulentos (b).


          V = velocidade do fluxo           óxidos formados pelo contato do  A figura 3 mostra o equilíbrio entre

          D = diâmetro hidráulico (4 x área   metal com o ar.                  as forças inerciais (velocidade) e a
                              Figura 2 – Tipo de fluxo dos líquidos em função do Número de Reynolds – fluxo laminar
           H
                                com Re<2.000, fluxo turbulento com Re entre 2.000 e 20.000 e fluxo extremamente
          do canal/perímetro do canal)      Nas últimas décadas, o conceito de   tensão superficial do metal líquido
                                                       turbulento com Re>20.000.
                                                                               (adaptado de Campbell 2011).
          ν  =  viscosidade  cinemática  do  lí-  turbulência para fluxos de metal lí-

                                            quido  passou  a  ser  definido  pelo  Quando  as  forças  inerciais  ul-
          quido              Os fluxos extremamente turbulentos (Re>20.000) devem ser evitados devido à
                                            Número de Weber , que conside-
                                                                               trapassam a tensão superficial, o
                                                              [3]
                        possibilidade de incorporação no fluxo de metal líquido dos óxidos formados devido
                                            ra turbulentos os fluxos em que as  número de Weber fica maior do
                        ao contato do metal líquido com o ar.
          A figura 2 descreve os tipos de flu-  forças inerciais são capazes de rom-  que  1,  tornando  o  fluxo  turbu-
                             Nas  últimas décadas, o conceito de turbulência  para  fluxos  de  metal  líquido
          xos de líquidos em função do Nú-  per  a  tensão  superficial  do  metal,  lento (com perturbações instá-
                        passou a ser  definido pelo  Número de  Weber  (Campbell 2011),  que considera
          mero de Reynolds.                 formando gotas separadas do fluxo  veis e incorporando inclusões de
                        turbulentos  os  fluxos em que as forças inerciais  são  capazes de romper a  tensão
                        superficial do  metal, formando gotas separadas do fluxo  principal, como descrito
                                            principal, como descrito abaixo:
                                                                               óxidos – figura 3b). Isso ocorre
          Os  fluxos  extremamente  turbu-
                        abaixo:
          lentos (Re>20.000) devem ser evi-                                    para velocidades acima da velo-
          tados,  devido  à  possibilidade  de                                 cidade crítica, com a formação
          incorporação  no  metal líquido de                                   de turbulência superficial, como
                                                                               descreve a equação a seguir, de-
                                                                      Quando  as forças  inerciais  ultrapassarem a tensão superficial,  o  número  de
                                                                               corrente da definição de turbu-
                             Onde:                              Weber será maior do que 1 e o fluxo será turbulento (criando perturbações instáveis
                                                          Em que: e incorporando inclusões de óxidos – Figura 3b). Isto ocorre para velocidades acima
                                        •  V = velocidade crítica do fluxo (m/s)   lência de Weber.
                                                                da velocidade crítica, com a formação de turbulência superficial, como descreve a
                                                          V = velocidade crítica
                                        •   = densidade (g/cm3)  equação abaixo, decorrente da definição de turbulência de Weber:
                                        •   = Tensão superficial (N/cm)
                                                          do fluxo (m/s)
                                        •  r = raio de curvatura da superfície (metade da espessura do
                                                                           3
                                                          r = densidade (g/cm )
                                           respingo de metal sobre o molde) (cm)

                             A Figura 3 mostra o equilíbrio entre as forças inerciais (velocidade) e a tensão
                                                          γ = tensão superficial
                                                                    Onde:
                        superficial do metal líquido (adaptado de Campbell 2011).
                                                                               Em que:
                                                          (N/cm)             •  Vcrit = velocidade crítica do fluxo (m/s)
                                                                             •   = densidade (g/cm3)
                                                          r = raio de curvatura  V  = velocidade crítica do fluxo (m/s)
                                                                             •   = Tensão superficial (N/cm)
                                                                                 crit
                                                          da superfície  (meta-  •  r = raio de curvatura da superfície (metade da espessura do
                                                                               r = densidade (g/cm )
                                                                                                   3
                                                                                respingo de metal sobre o molde) (cm)
                                                          de da espessura  do

           Fig. 4 – Representação esquemática do fluxo de entrada de metal em   γ = tensão superficial (N/cm)
                                                                    A velocidade crítica para a grande maioria das ligas fundidas é considerada
           uma cavidade com velocidade abaixo da crítica (sem turbulência – centro)   respingo de metal
                                                                como sendo 0,5 m/s (Campbell 2011). A Figura 4 ilustra esquematicamente o
           e acima da velocidade limite de 0,5 m/s (turbulento – direita) .  sobre o molde, cm)  r = raio de curvatura da superfície (cm)
                                                [3]
                                                                preenchimento de uma cavidade por baixo nas condições não turbulenta (V<Vcrítica)
                                                                e turbulenta (V>Vcrítica), segundo este conceito:
          50      FMP, NOVEMBRO 2020

                                Figura 3 – Balanço entre a força inercial e a tensão superficial do metal líquido na
                                formação de um respingo (a). Valores de We > 1 são considerados turbulentos (b).
                                                                                                       4

                                                                     Figura 4 – Representação esquemática do fluxo de entrada de metal em uma cavidade
                                                                     com velocidade abaixo da crítica (sem turbulência – centro) e com velocidade acima da
                                                                            velocidade limite de 0,5 m/s (turbulento – direita) (Campbell 2011).

                                                                    É importante destacar que a velocidade crítica de 0,5 m/s é alcançada com
                                                                uma queda livre de apenas 1,25 cm. Isto significa que a totalidade das peças
                                                                fundidas por gravidade, com quedas de 20 cm a vários metros, certamente impõe ao
                                                                metal líquido velocidades muito acima deste valor limite, ou seja, no regime de
                                                                preenchimento turbulento.
                                                                    Considerando-se esta limitação, há aqui duas opções bastante claras para
                                                                projetos de vazamento de peças fundidas:
                                                                    1.  Utilizar sistemas de vazamento que não dependam da gravidade (sistemas de
                                                                       vazamento por baixa pressão ou basculantes);
                                                                    2.  Utilizar sistemas de canais por gravidade projetados para minimizar o
                                                                       contato do metal líquido com o ar durante os períodos em que o metal estiver
                                                                       com velocidade acima da velocidade limite de 0,5 m/s;



                                                                                                                                  5
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