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ENTREVISTA
A Multimetal é uma empresa familiar, que já sofreu a primeira transferência de geração. A empresa sentiu a
necessidade de adotar uma governança corporativa?
Gimenes: Meu pai, Moacir Gimenes, no momento atua como conselheiro da empresa. Nosso modelo de
sucessão envolveu a criação de empresas no mesmo ramo, a exemplo da MGA Industrial (motopeças e má-
quinas especiais) e da MGL Mecânica de Precisão, que há 20 anos atua no mercado de usinagem. Assim,
passamos a trabalhar de forma colaborativa e com sinergia de negócios. Fizemos cursos e consultorias, que
ajudaram na construção deste modelo de governança corporativa. Este tema é de extrema importância, de-
vendo ser tratado o quanto antes nas organizações - eu mesmo já penso nisso, mesmo com as minhas duas
filhas crianças (uma com três anos e a outra com dois meses de idade). Também recomendo a leitura dos
livros do autor Renato Bernhoeft, os quais abordam o tema sucessão, ajudando em muito no entendimento
dos papéis dos membros da família.
A Indústria 4.0 já chegou à Multimetal?
Gimenes: Os conceitos certamente sim, mas a nossa estrutura está na transição 2.0 para a 3.0. Os investimentos
para se implantar a Indústria 4.0 ainda estão um pouco distantes para a maioria das empresas do setor, mas no
futuro será uma realidade na indústria de fundição.
Como foi o ano de 2018 para a Multimetal? Podemos falar em fim da crise?
Gimenes: Para nós, 2018 foi um ano bom, com crescimento de 20% em relação ao anterior. O setor de fun-
dição teve uma reação positiva como um todo, depois de cair a níveis muito baixos após a crise iniciada em
2014. Certamente, o pior momento já passou, embora estejamos muito aquém dos números anteriores à crise.
O início de um novo governo traz a sensação de otimismo, mas, para avançarmos de fato, as Reformas serão
imprescindíveis, em especial a da Previdência. Na visão dos economistas, teremos crescimento até 2022/2023,
salvo ocorra uma crise internacional, que é uma hipótese bastante improvável no atual cenário.
O que ficou de positivo dos últimos anos?
Gimenes: Se analisarmos a economia mundial e brasileira, vemos ciclos de expansão e depressão. Portanto,
temos que contemplar estas oscilações nos planejamentos das empresas, para conseguir atravessar o período
das “baixas” e sair com a empresa preparada para o crescimento. Dosar investimento e risco é o desafio para
ter resultado a médio e longo prazo.
Quais as expectativas da empresa para 2019?
Gimenes: Esperamos um crescimento de 30% em relação a 2018. Inclusive temos planos de investir nos pró-
ximos dois anos em uma linha automática de moldagem, que deve incrementar em 3 mil toneladas/ano nossa
capacidade de produção, ou seja, dobrá-la. g
*As opiniões expressas pelos entrevistados não são necessariamente as adotadas pela ABIFA e pela revista Fundição & Matérias-Primas, que
podem inclusive ser contrárias a estas.
46 FMP, MAIO 2019