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CADERNO TÉCNICO 2




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          Para  componentes  em  que  são  zação, as peças de-
          exigidas elevadas propriedades  vem ser resfriadas
          mecânicas de resistência e eleva- bruscamente em
          da ductilidade, como em rodas  água, garantindo
          automotivas, peças de suspen- que não haja tem-
          são e componentes dos sistemas  po para a re-preci-
          de freios, a alternativa é utili- pitação destas fases,
          zar ligas Al-Si isentas de cobre  apesar da brusca
          (Cu<0,10%), mas contendo mag- redução de solubili-
          nésio e endurecidas por tratamen- dade destes elemen-
          to  térmico  (endurecimento  por  tos na matriz, como
          precipitação), apesar do maior  mostra a figura 3.
          custo desta rota de produção.     O resultado final é
                                            uma matriz de fase a   Fig. 7 – Valores de alongamento medidos em ensaios de tração em fun-

          Tratamentos  térmicos  das        supersaturada em      ção do teor de estrôncio, para corpos de prova da liga A356 no estado T6,
                                                                  fundidos em coquilha segundo ASTM B108. Do estado não modificado
                                                                                                          FIGURA 8
          ligas Al-Si  (endurecimento  magnésio (ou  em           (com 0%Sr - silício com morfologia em plaquetas) para o estado modifica-
          por precipitação)                 cobre). Como o ní-    do (0,006%Sr - silício com morfologia em fibras), o alongamento aumen-
                                                                  tou de 4% a 6% para 10% a 12%. Para adições de estrôncio superiores a
          O cobre e o magnésio são elemen-  vel de supersatura-     0,006%, nota-se um engrossamento das partículas de silício, o que pro-
                                                                  move a redução do alongamento .
                                                                                      [4]
          tos de liga que respondem ao trata-  ção é elevado, após
          mento  térmico  de  endurecimento   alguns dias do tra-
          por precipitação.                 tamento de solubi-
                                            lização observa-se
          Este  processo baseia-se  em dois   uma elevação dos
          ciclos  de tratamentos  térmicos:   níveis de dureza  e
          solubilização e  precipitação. A li-  de  resistência me-
          teratura técnica descreve este tipo   cânica, em conse-
          de  tratamento  térmico  como  T6,   quência da precipi-
          obtendo-se como produto os “du-   tação natural (en-
          ralumínios” .                     velhecimento).
                    [2]
          A solubilização consiste no aqueci-  Na maioria  dos
          mento e manutenção da liga a ele-  processos  indus-
          vadas temperaturas (entre 500°C a   triais não se utiliza
          540°C) por algumas horas. A estas   a precipitação na-  Fig. 8 – Micrografia da liga AL-10%Si com 0,30% de ferro no estado
                                                                  modificado. São evidentes as plaquetas de fases ricas em ferro do tipo
          temperaturas, a  solubilidade do   tural, ou seja, em   b-Al5FeSi, que têm efeito fragilizante .
                                                                                          [6]
          magnésio  ou do cobre na matriz   seguida  à  solubi-                tículas de Mg Si (ou de CuAl ) de
          de fase a é elevada, como mostra   lização executa-se  a precipitação   forma muito fina por toda a matriz
                                                                                            2
                                                                                                           2
          a figura 3, permitindo a dissolução   com  aquecimento  a temperaturas  de fase a.
          parcial das fases Mg Si, Al Mg FeSi   entre  150°C e 220°C, por  tempo
                                     3
                                  8
                            2
          (fase  p)  e  CuAl   precipitadas  du-  controlado. Durante este tratamen-  No princípio do tratamento de
                         2
          rante a solidificação.            to, aproveita-se o estado de super-  precipitação ocorre a formação
                                                                               de precipitados coerentes com a
          Ao final do tratamento de solubili- saturação para re-precipitar as par-  matriz de fase  a (o precipitado
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